Referendo popular para PEC 55 passa a ser bandeira de movimentos sociais

“Essa PEC é o maior retrocesso aprovado no país desde o fim da ditadura militar. Congelar gastos sociais por 20 anos é uma coisa inconcebível”, disse Boulos

Apesar da aprovação em caráter terminativo da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 55 pelo Senado, movimentos sociais saíram às ruas para protestar durante todo o dia desta terça-feira (13). Manifestações organizadas por estudantes, profissionais da educação, da saúde, Frente Povo sem Mede e Frente Brasil Popular ocorreram em diversas capitais, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Brasília. A intenção é manter o clima de resistência até o início do ano e levar a bandeira do referendo, para que a PEC 55 só possa ser validade se for aprovada por consulta popular.

O principal ato de São Paulo reuniu dezenas de organizações. A movimentação começou no final da tarde na Praça do Ciclista e seguiu em marcha pela Avenida Paulista. O coordenador nacional do coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, afirmou que a PEC é o maior retrocesso aprovado no país desde o fim da ditadura militar. “Congelar gastos sociais por 20 anos é inconcebível. Nenhum lugar do mundo se fez isso. É deixar o Estado brasileiro de joelhos para o rentismo financeiro. Ainda mais de iniciativa de um governo totalmente lameado de corrupção, sem legitimidade, fruto de um golpe e de um parlamento desmoralizado, sem autoridade para decidir nada em nome do povo brasileiro”, afirmou, em entrevista ao Mídia Ninja.

“Vai haver reação. Hoje, as pesquisas já mostraram que apesar de toda a propaganda do governo, a maioria do povo é contrário à PEC. O que o Parlamento decidiu vai em sentido contrário aos anseios da população”, observou Boulos. “E a reação só vai se ampliar. O Brasil se encaminha para o aprofundamento do conflito social no próximo período, disso não há menor dúvida.”

O também coordenador da Frente Povo sem Medo enalteceu o papel das manifestações desta terça-feira como forma de deixar um recado de que a sociedade não deixará a resistência. “As pessoas estão começando a perceber que a alternativa é a mobilização. Vamos lutar para que haja um referendo para o povo decidir. Esses 53 senadores que votaram pela PEC não falam pelo povo brasileiro”, defendeu Boulos.

O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirma, em matéria no portal da central, que a situação caótica é o resultado de uma gestão ilegítima e sem projeto para o país. “A inabilidade do golpista Temer, mais acostumado a agir nas sombras, parece não fazer a menor ideia do estrago que está causando aos trabalhadores, especialmente os mais pobres”, diz. Para ele, não resta outra saída se não eleições diretas para determinar qual caminho os brasileiros desejam para um país “em que a maioria se declarou contra a PEC 55, mas não foi ouvida”.

Fiesp

O ato caminhava para o ponto de dispersão, no cruzamento das avenidas Paulista e Brigadeiro Luis Antonio, quando um pequeno grupo se descolou da manifestação e ocupou o saguão de entrada da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), uma das protagonistas do movimento que levou ao golpe parlamentar e o impeachment de Dilma Rousseff.

Atirando rojões contra o a sede da entidade e gritando “Fiesp, golpista, não passarão”, o grupo derrubou uma grade e tentou avança para dentro do prédio, só sendo contido por seguranças locais, que fecharam os portões. A polícia não interveio. A ocupação durou poucos minutos e o grupo voltou à passeata.

Antes da dispersão, em coro, um jogral selou o compromisso das frentes de mobilização popular para seguir no enfrentamento dos ataques aos direitos civis, trabalhistas e humanos pelo governo Temer. “Nas ruas vamos lutar para revogar esta PEC. Esse congresso não tem legitimidade, não vamos deixar passar esse governo. Hoje em São Paulo, em Brasília, no Rio, é só mais um dia da resistência que está por vir. O povo está nas ruas e não tem medo. Fora Fiesp, Fora Temer. Diretas já!”

Fonte: Rede Brasil Atual

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