Em audiência na Alerj, movimento sindical bancário identificou que política regulatória dos últimos dez anos não reduziu taxa de juros, aumentou precarização no trabalho e os riscos sistêmicos para todo setor financeiro
istrada como banco, tem 100 milhões de clientes, oferecendo serviços de um banco? Afetaria seriamente todo o país”, completou.
Precarização do trabalho
Ainda segundo o economista Gustavo Cavarzan, a entrada das fintechs no sistema financeiro nacional gerou uma movimentação de trabalho no setor, com redução do emprego bancário, porém aumento de atividade em todo o ramo financeiro. “Com isso, está havendo uma fragmentação do emprego no setor, que tem como consequência condições de trabalho mais precárias: menor remuneração, maior jornada, menor tempo de emprego, maior rotatividade, menos direitos”, ressaltou.
Enquanto os bancos tradicionais pagam contribuição sobre lucro líquido de cerca de 20%, em média, as fintechs pagam 9%. Além disso, as fintechs não estão sob as mesmas responsabilidades que os bancos precisam cumprir sobre as questões trabalhistas e de segurança de dados dos clientes.
“Perde o governo, com menos arrecadação, perde o trabalhador e perde o cliente”, reforçou a presidenta da Federação das Trabalhadoras e dos Trabalhadores no Ramo Financeiro do Estado do Rio de Janeiro (Federa-RJ), Adriana Nalesso. “Quando fazemos reunião nos bancos, a categoria costuma dizer que o emprego bancário está acabando. Eu digo que não está acabando, está se deslocando para a precarização, na medida em que atuam hoje, como bancos, no setor financeiro, plataformas digitais que contratam o trabalhador como um ‘personal bankers’, com a promessa de que terá mais autonomia e liberdade para gerir o seu tempo. Mas nós sabemos que essa não é a realidade”, destacou.
O presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários do Rio de Janeiro (Seeb/Rio), José Ferreira, completou que o debate precisa ser levado adiante para toda a sociedade. “Mas isso não vai acontecer por si só, porque não há interesse de quem organiza o ramo financeiro, digo, inclusive do BC. Por isso que nós, trabalhadores, temos o desafio de fazer essa discussão sobre esse cenário que, somado à desorganização total do trabalho que foi promovida na reforma trabalhista de Temer (em 2017) e que liberou a terceirização para todas as atividades de uma empresa, contribui ainda mais para a superexploração“, pontuou.
Fonte: Contraf-Cut