Saúde dos trabalhadores da Caixa é tema de debate no Conecef

conecef-2022.jpeg

Pesquisa encomendada pela Fenae aponta que 42% dos empregados que responderam a pesquisa disseram ter problemas de saúde relacionados ao trabalho

Dados da pesquisa sobre a saúde do trabalhador da Caixa, encomendada pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), nortearam o debate da Mesa 2, na tarde desta quinta-feira, no 38º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal (Conecef). O debate trouxe visões sobre as atuais dificuldades no enfrentamento ao adoecimento dos trabalhadores, principalmente diante do cenário de pandemia.

Coordenadora da Mesa 2, a diretora de Comunicação do SEEB BH e representante da Fetrafi Minas Gerais na CEE Caixa, e diretora executiva da Contraf/CUT, Eliana Brasil, destacou que os números apresentados pela pesquisa demonstram que a pandemia trouxe como consequência o adoecimento mental. “Esse resultado nos mostra a necessidade urgente de debater o adoecimento da categoria com tantas metas abusivas a cumprir”, avaliou.

Eliana Brasil observou ainda que o trabalhado do empregado Caixa no atendimento na linha de frente, com o pagamento do auxílio emergencial à população, o risco para os empregados foi potencializado. “Foi uma coisa que nós, empregados, nunca tínhamos vivido. A morte ficou muito próxima. Além das cobranças de metas abusivas que permaneceram na pandemia, ainda teve o contato muito próximo com a população, o risco era muito alto”, pontou.

Sérgio Wilson Lima de Amorim, dirigente sindical do SEEB Rio de Janeiro e representante suplente da Federa Rio de Janeiro na CEE-Caixa, lembrou que a defesa do SUS é fundamental para discutir saúde no país. “Apesar de termos plano de saúde próprio, a coisa mais importante que conquistamos no Brasil foi o SUS. Precisamos lutar para que o SUS continue existindo, público e gratuito.”, apontou.

Outro alvo de desmonte é a Caixa e o Saúde Caixa, pauta que reúne ativos e aposentados.

“A perspectiva de não ter Caixa pública e o plano de saúde é o que nos move todos os dias para estarmos juntos. É o elo que nos fortalece”, comentou Edgard Antônio Bastos Lima, presidente da Federação Nacional das Associações de Aposentados e Pensionistas da Caixa Econômica Federal – Fenacef e representante da entidade na CEE-Caixa.

Em relação a planos como o Saúde Caixa, Alberto Alves Junior, Conselheiro Deliberativo da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, trouxe um forte depoimento sobre o cenário atual.

Segundo Alberto, desde 2015 houve uma grande quantidade de recursos externos que invadiram o mercado brasileiro, antes a assistência era mais familiar, com planos menores. As negociações eram mais equilibradas dentro dessa cadeia.

“A partir de 2012 e principalmente 2015 isso mudou. De lá para cá passamos a ter uma avalanche de fusões e aquisições tanto de forma horizontal quanto vertical. As autogestões, estão passando a ser compradores dos serviços dos grandes grupos. E eles têm objetivo de expandir seus negócios. A tendência é que vendam cada vez mais caro para nós”, explicou.

Alberto esclareceu que este movimento está trazendo dificuldades para as autogestões, hospitais e planos menores. “Cada dia que passa temos que negociar mais e os recursos são elevados. Por outro lado, a solidariedade está em jogo. Estamos no meio dessa encruzilhada. Teremos de discutir uma forma que leve a frente a assistência e ao mesmo tempo a questão econômica. Temos que juntar todas as nossas autogestões para dialogar.

Não há como avançar e mudar com o atual governo, não vejo como o governo não tem políticas públicas voltadas para este conceito. Não vejo como sair disso individualmente”, alertou.

Fernanda Souza Duarte, doutora e mestre em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, apresentou os resultados da pesquisa realizada pela Fenae sobre a saúde dos empregados. A pesquisa encomendada pela Fenae teve como foco conhecer a relação entre trabalho e adoecimento pensando nos aspectos jurídico, psicológico e político.

“Somente com essas áreas integradas podemos pensar intervenções e prevenção. A categoria bancária teve papel importante no debate desta questão desde os anos 80. Contribuíram para a legislação e para os estudos teóricos”, indicou.

Já haviam sido realizadas duas pesquisas anteriores à última de 2021. “O que esses dados querem dizer? Fomos investigar o que está acontecendo. Investigar condições de saúde e suas relações com o trabalho dos ativos e aposentados da Caixa”, esclareceu.

Fernanda apresentou dados importantes para exemplificar a situação e como hoje os problemas de transtorno mental já ultrapassam as chamadas LER/Dort. Segundo a pesquisa, 47% dos que responderam afirmaram que o trabalho afeta a saúde e 42% disseram ter problemas de saúde relacionados ao trabalho.

A pesquisa ainda apontou maior incidência de ansiedade e depressão. Por outro lado, também indica um baixo número de afastamentos e que a maioria dos empregados que procurou tratamento psiquiátrico e psicológico foi por causa do trabalho.

“Com a pandemia começaram a aparecer mais queixas de depressão. As pessoas sentem obrigação de serem gratas e pensam que não podem se afastar, ficam trabalhando doentes. Temos a cultura da ameaça, silêncio e medo”, ressaltou. Fernanda encerrou afirmando que, para lutar contra este cenário, devemos transcender explicações individuais, compreender características sistêmicas e dar continuidade do GT de saúde do trabalhador.

Texto: FenaeDados da pesquisa sobre a saúde do trabalhador da Caixa, encomendada pela Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), nortearam o debate da Mesa 2, na tarde desta quinta-feira, no 38º Congresso Nacional dos Empregados da Caixa Econômica Federal (Conecef). O debate trouxe visões sobre as atuais dificuldades no enfrentamento ao adoecimento dos trabalhadores, principalmente diante do cenário de pandemia.

Coordenadora da Mesa 2, a diretora de Comunicação do SEEB BH e representante da Fetrafi Minas Gerais na CEE Caixa, e diretora executiva da Contraf/CUT, Eliana Brasil, destacou que os números apresentados pela pesquisa demonstram que a pandemia trouxe como consequência o adoecimento mental. “Esse resultado nos mostra a necessidade urgente de debater o adoecimento da categoria com tantas metas abusivas a cumprir”, avaliou.

Eliana Brasil observou ainda que o trabalhado do empregado Caixa no atendimento na linha de frente, com o pagamento do auxílio emergencial à população, o risco para os empregados foi potencializado. “Foi uma coisa que nós, empregados, nunca tínhamos vivido. A morte ficou muito próxima. Além das cobranças de metas abusivas que permaneceram na pandemia, ainda teve o contato muito próximo com a população, o risco era muito alto”, pontou.

Sérgio Wilson Lima de Amorim, dirigente sindical do SEEB Rio de Janeiro e representante suplente da Federa Rio de Janeiro na CEE-Caixa, lembrou que a defesa do SUS é fundamental para discutir saúde no país. “Apesar de termos plano de saúde próprio, a coisa mais importante que conquistamos no Brasil foi o SUS. Precisamos lutar para que o SUS continue existindo, público e gratuito.”, apontou.

Outro alvo de desmonte é a Caixa e o Saúde Caixa, pauta que reúne ativos e aposentados.

“A perspectiva de não ter Caixa pública e o plano de saúde é o que nos move todos os dias para estarmos juntos. É o elo que nos fortalece”, comentou Edgard Antônio Bastos Lima, presidente da Federação Nacional das Associações de Aposentados e Pensionistas da Caixa Econômica Federal – Fenacef e representante da entidade na CEE-Caixa.

Em relação a planos como o Saúde Caixa, Alberto Alves Junior, Conselheiro Deliberativo da Caixa de Assistência dos Funcionários do Banco do Brasil, trouxe um forte depoimento sobre o cenário atual.

Segundo Alberto, desde 2015 houve uma grande quantidade de recursos externos que invadiram o mercado brasileiro, antes a assistência era mais familiar, com planos menores. As negociações eram mais equilibradas dentro dessa cadeia.

“A partir de 2012 e principalmente 2015 isso mudou. De lá para cá passamos a ter uma avalanche de fusões e aquisições tanto de forma horizontal quanto vertical. As autogestões, estão passando a ser compradores dos serviços dos grandes grupos. E eles têm objetivo de expandir seus negócios. A tendência é que vendam cada vez mais caro para nós”, explicou.

Alberto esclareceu que este movimento está trazendo dificuldades para as autogestões, hospitais e planos menores. “Cada dia que passa temos que negociar mais e os recursos são elevados. Por outro lado, a solidariedade está em jogo. Estamos no meio dessa encruzilhada. Teremos de discutir uma forma que leve a frente a assistência e ao mesmo tempo a questão econômica. Temos que juntar todas as nossas autogestões para dialogar.

Não há como avançar e mudar com o atual governo, não vejo como o governo não tem políticas públicas voltadas para este conceito. Não vejo como sair disso individualmente”, alertou.

Fernanda Souza Duarte, doutora e mestre em Psicologia Social, do Trabalho e das Organizações, apresentou os resultados da pesquisa realizada pela Fenae sobre a saúde dos empregados. A pesquisa encomendada pela Fenae teve como foco conhecer a relação entre trabalho e adoecimento pensando nos aspectos jurídico, psicológico e político.

“Somente com essas áreas integradas podemos pensar intervenções e prevenção. A categoria bancária teve papel importante no debate desta questão desde os anos 80. Contribuíram para a legislação e para os estudos teóricos”, indicou.

Já haviam sido realizadas duas pesquisas anteriores à última de 2021. “O que esses dados querem dizer? Fomos investigar o que está acontecendo. Investigar condições de saúde e suas relações com o trabalho dos ativos e aposentados da Caixa”, esclareceu.

Fernanda apresentou dados importantes para exemplificar a situação e como hoje os problemas de transtorno mental já ultrapassam as chamadas LER/Dort. Segundo a pesquisa, 47% dos que responderam afirmaram que o trabalho afeta a saúde e 42% disseram ter problemas de saúde relacionados ao trabalho.

A pesquisa ainda apontou maior incidência de ansiedade e depressão. Por outro lado, também indica um baixo número de afastamentos e que a maioria dos empregados que procurou tratamento psiquiátrico e psicológico foi por causa do trabalho.

“Com a pandemia começaram a aparecer mais queixas de depressão. As pessoas sentem obrigação de serem gratas e pensam que não podem se afastar, ficam trabalhando doentes. Temos a cultura da ameaça, silêncio e medo”, ressaltou. Fernanda encerrou afirmando que, para lutar contra este cenário, devemos transcender explicações individuais, compreender características sistêmicas e dar continuidade do GT de saúde do trabalhador.

Texto: Fenae

Gostou? Compartilhe agora: