CEE/Caixa discute longa pauta em 1ª reunião da mesa de negociações permanentes

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A primeira reunião da mesa de negociações permanentes da Caixa este ano, realizada no último dia 24, tratou de uma pauta extensa. Os representantes dos empregados expressaram insatisfação com o constante movimento de encolhimento do banco e restrição de direitos do funcionalismo.

Os problemas do Saúde Caixa ocuparam boa parte da reunião. A qualidade do atendimento caiu de tal maneira que o plano ficou em 1º lugar em reclamações junto à ANS, com 8,69 ocorrências por dez mil usuários, muito acima da média do segmento, que é de 2,78/10.000. O contrato com a empresa de telemarketing previa o atendimento de até 68 mil usuários, mas o número de vidas atendidas pelo plano chega a quase 300 mil. Este erro de dimensionamento vem provocando congestionamento das linhas e demora no atendimento.

Os maiores problemas no Saúde Caixa ficam nas autorizações prévias, porque a demora na liberação dos procedimentos aumenta os riscos para os pacientes. As dificuldades são maiores sobretudo nas bases onde é grande o número de usuários idosos, que não têm familiaridade com o site e dão preferência ao teleatendimento. A situação chegou ao ponto de associações de funcionários e aposentados se virem forçadas a criar serviços de suporte para auxiliar estes usuários. O quadro foi agravado também pela reestruturação, que retirou das GIPES a atribuição de atender a estas demandas. Em resposta às reclamações apresentadas, a representação da Caixa informou que já redimensionou o serviço de teleatendimento para 200 mil atendimentos/dia.

O movimento sindical reivindica que a alçada de atuação dos comitês de credenciamento e descredenciamento seja ampliada, para que possam atuar também no monitoramento da atuação do atendimento ao usuário. Com esta medida, os representantes dos funcionários nos comitês terão acesso a informações que poderão indicar onde estão os gargalos que dificultam o serviço e propor soluções.

O papel dos dirigentes regionais é levantar as demandas. “É necessário que os dirigentes sindicais conversem com os empregados da Caixa em suas bases para averiguar quais são as demandas dos usuários do Saúde Caixa. Este levantamento poderá servir para pressionar a Caixa por melhorias do atendimento. É importante também estimular os funcionários a apresentar suas reclamações diretamente ao plano,” orienta Luiz Maggi, representante da Fetraf-RJ/ES na CEE/Caixa.

Reestruturação

No último dia 19 foi anunciado um novo modelo de reestruturação, chamado Programa Eficiência. Há uma preocupação que este processo afete áreas estratégicas da Caixa, sobretudo os programas sociais, habitação e FGTS. Os representantes da empresa negaram que se trate de uma nova reestruturação e que o novo programa é apenas um processo de realinhamento com prioridade na eficiência e “melhoria de processos e pessoas”. Os representantes da empresa negaram ainda que vá haver cortes de funções ou prejuízos aos empregados.

Mas os representantes dos empregados não ficaram convencidos e alertam que qualquer medida desta natureza deve ser discutida com o movimento sindical. “Segundo o Acordo Aditivo, reestruturações têm que ser levadas à mesa de negociação. Mas a Caixa está dando outro nome ao boi para burlar esta cláusula. Nossa preocupação é que, mais uma vez, o governo e a direção da empresa se utilizem de medidas de reestruturação para atacar os direitos do funcionalismo e reduzir o número de empregados”, alerta Luiz Maggi.

Depois de programas de desligamento voluntário e aposentadoria antecipada em anos consecutivos, o corpo funcional foi drasticamente reduzido. “Recebemos informações sobre os números do último Programa de Desligamento Extraordinário que resultou no corte de 1.300 postos de trabalho. Hoje a Caixa tem somente 86.334 empregados. O resultado é a precarização do atendimento nas agências e a sobrecarga de trabalho para os funcionários que ficaram, o que tem aumentado o número de adoecimentos”, aponta Maggi. O movimento sindical entende que estes programas servem para diminuir o tamanho da empresa e prepará-la para ser privatizada. “A Caixa está, cada vez mais, desmontando sua estrutura de atendimento, prejudicando principalmente a prestação dos serviços relativos aos programas sociais. O governo ilegítimo continua enxugando a empresa e penalizando a população e os empregados”, acrescenta o sindicalista.

Verticalização

A Caixa está promovendo a redefinição de funções gerenciais – chamada de verticalização –, mudando o modelo de segmentação dos clientes. Todos os gerentes foram redesignados como Gerentes de Atendimento Negocial – GAN, inclusive os que atendiam a Pessoa Física e à área social. O foco de todo este corpo gerencial é a captação de clientes de alta renda e venda de produtos, seguindo um modelo típico de banco privado e abandonando o atendimento aos clientes e usuários. Com esta mudança, houve perda de lotação de gerentes em 194 agências, aumentando a carga de trabalho dos que permaneceram.

Fórum de Condições de Trabalho

A Comissão de empresa reivindicou a retomada das reuniões dos fóruns nacional e regionais de condições de trabalho para debater os problemas encontrados nas unidades. A criação dos fóruns foi uma forma de agilizar a solução de problemas cotidianos – estruturais ou de pessoas –, dando competência aos gestores regionais para dar solução à maioria das demandas. Com a redução do número de GIPES, a coordenação destes fóruns ficou prejudicada, deixando pendentes muitos problemas apontados pelos sindicalistas. “Estes fóruns têm que passar a ter reuniões mais frequentes, mas também mais qualificadas. Da parte da Caixa, é preciso que os interlocutores tenham realmente alçada para resolver os problemas apresentados, e não somente remetê-los à administração central,” defende Maggi. “É preciso também que os gestores das unidades se conscientizem da importância destes fóruns, que podem facilitar seu trabalho de administração das demanda”, acrescenta o representante da Fetraf-RJ/ES na CEE/Caixa.

Contencioso da Funcef

Apesar de já haver acordado – em 2015 – a constituição de um GT para tratar do contencioso da Funcef, a Caixa reluta em incluir os representantes dos empregados na discussão. A solução é simples: a Caixa assumir o passivo trabalhista que está pressionando o caixa da Funcef, mas é preciso que os participantes tenham acesso aos números para poderem acompanhar a evolução da situação. Mas a Caixa insiste em negar sua responsabilidade sobre o passivo e o déficit continua crescendo. “A empresa tem que parar de protelar o pagamento do contencioso, que põe em risco a saúde financeira da Funcef e o pagamento dos benefícios”, defende Maggi.

Time de vendas

O movimento sindical está preocupado com a divulgação do desempenho dos empregados da área comercial – o chamado Time de Vendas. Segundo a representação da Caixa, somente o próprio funcionário e seu gestor direto têm acesso aos números. Mas os sindicalistas reforçaram que a CCT dos bancários proíbe a exposição de ranking de desempenho e reivindicou que os gestores sejam alertados a não divulgar os resultados de suas equipes.

A reunião tratou também de temas como o leilão dos produtos da Lotex e bolsas de estudo. Veja a matéria com o relatório completo no site da Contraf-CUT, clicando aqui.

Fonte: Fetraf-RJ/ES

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